terça-feira, 9 de julho de 2013

Maria Soldado: uma mulher negra limeirense na Revolução de 1932.

Maria José Bezerra "Soldado"

Ela largou os quitutes de caçarola em favor das armas. Seu nome: Maria José Bezerra, uma paulista de Limeira, nascida em 9 de dezembro de 1895, que se alistou como enfermeira na Revolução de 32 - movimento armado ocorrido no Brasil entre julho e outubro de 1932, em que o Estado de São Paulo visava a derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e a instituição de um regime constitucional após a supressão da Constituição de 1891 pela Revolução de 1930.
De fuzil na mão, a ex-quituteira e soldado combateu em Buri, Ligiana e Itararé, o que lhe valeu o apelido de "Maria Soldado", pois no calor da luta, alinhou-se na frente de combate e foi ferida. Acompanhou os soldados constitucionalistas no setor sul do Estado. Afrontou o ditador Getúlio Vargas em praça pública.
Foi escolhida como a "Mulher Símbolo" no Jubileu de Prata da Revolução de 32 - a mais alta honraria que uma mulher podia almejar - e homenagens na Câmara Municipal de São Paulo não faltaram.

Terminada a revolução, "Maria Soldado" voltou à sua vida normal de empregada doméstica e estava sempre presente nas manifestações estudantis contra a Ditadura. No final de sua vida, vendia doces e salgados na porta do Hospital das Clínicas, em São Paulo. A quituteira e combatente foi encontrada morta num quartinho do prédio número 2.037 na Rua Consolação, em São Paulo, em fevereiro de 1958. Um pouco da história de "Maria Soldado" pode ser conferida no livro "As mulheres negras do Brasil", do autor Marcelo Manzatti.

Em Limeira, porém, ela é uma ilustre desconhecida. Apenas um recorte de jornal antigo fala sobre sua existência. Nas ruas, então, muitas pessoas nem imaginam quem foi "Maria Soldado". "Não tenho a mínima idéia de quem foi ela", diz a doméstica Cleusa de Jesus Arantes. Já o auxiliar-geral Cláudio Gomes da Silva acredita que "foi alguma mulher que lutou em alguma guerra. Mas não sei", opina.
Outro grande limeirense combatente foi Alberto Pierrotti, o sargento Pierrotti, que hoje possui um monumento à sua memória e dos combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932 no largo do Cemitério Saudade.

A DATA
Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do Estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como o maior movimento cívico de sua história. Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e o último grande conflito armado ocorrido no Brasil.

No total, foram 85 dias de combate (de 9 de julho a 2 de outubro de 1932), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não-oficiais, reportem até 2.200 mortos, sendo que inúmeras cidades do Interior do Estado de São Paulo sofreram danos devido ao combate.

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