quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Grande Otelo: ator e cantor


Grande Otelo (1915-1993) - ator e cantor
Texto reproduzido do site: 
https://www.todamateria.com.br/personalidades-negras-brasileiras/

Nascido em Uberlândia (MG), Sebastião Bernardes de Souza Prata seria o primeiro ator negro brasileiro de projeção nacional e internacional. O apelido veio das aulas de canto, pois o professor previu que ele cantaria o papel de "Otelo", de Verdi, quando crescesse.
A carreira artística começou nas ruas da cidade natal quando o menino cantava e fazia graça para os transeuntes em busca de um trocado. Quando um circo chegou a cidade, Grande Otelo se apresentou com eles e seguiu viagem para São Paulo.
Começava assim uma profícua carreira de ator de teatro e de cinema, especialmente em comédias ao lado de Oscarito.
No entanto, gravou também títulos com diretores do Cinema Novo como "Rio Zona Norte", de Nelson Pereira dos Santos e "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade.
Foi também o primeiro ator negro a atuar no Cassino da Urca e mais tarde, participaria de vários programas de televisão.
A Escola de Samba Estácio de Sá o homenageou em 1986 e a Escola de Samba Santa Cruz fez o mesmo em 2015. Ambas agremiações são do Rio de Janeiro.

https://www.todamateria.com.br/personalidades-negras-brasileiras/


quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Glória Maria: Repórter


Jornalista brasileira, Glória Maria foi a primeira repórter negra na televisão do Brasil, com estreia em novembro de 1971. Na época, ela também foi a primeira mulher a usar a Lei Afonso Arinos contra discriminação racial no Brasil, quando o gerente de um hotel de luxo não permitiu que ela entrasse pela porta da frente do prédio.
Hoje, mesmo depois de ter construído um currículo grande e passado por cerca de 156 países, Glória Maria admite que ainda sofre preconceito.
Na TV Globo desde 1971, Glória Maria foi a primeira repórter a entrar ao vivo no Jornal Nacional. De 1998 a 2007, apresentou o Fantástico e, desde 2010, integra a equipe do Globo Repórter.
O espírito de aventura pautou a carreira da jornalista Glória Maria. Seja voando de asa delta ou escalando o Himalaia, seja sobrevoando de helicóptero a cratera de um vulcão ou driblando a segurança dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Na ocasião, inclusive, obteve um “furo” de reportagem ao conseguir que o velocista Carl Lewis, então campeão mundial dos 100 m rasos, antecipasse parte do juramento olímpico, exibido com exclusividade pelo Fantástico.
Em suas reportagens, nas quais mostrou os mais diferentes povos, culturas e lugares do Brasil e do mundo, ela enfrentou condições adversas. Sem produtor, suas viagens eram feitas só com um cinegrafista e para chegar onde queria, não mediu esforços. Arrastou mala, dormiu em saco de dormir na beira de rio, ficou sem comer alimentando-se de barras de cereal, foi roubada e abandonada no meio do caminho com o cinegrafista, como aconteceu na Nigéria. Mas nunca desistiu.
Glória Maria Matta da Silva nasceu no Rio de Janeiro. Filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, estudou em colégios públicos estaduais onde obteve boa formação cultural: “Estudei inglês, francês, latim e vencia todos os concursos de redação da escola.” Em 1970, foi levada por uma amiga para ser rádio-escuta da Globo do Rio. Glória conciliava os estudos da faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) com o emprego de telefonista da Embratel. Na Globo, acabou virando repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo.
http://memoriaglobo.globo.com/perfis/talentos/gloria-maria.htm


terça-feira, 20 de novembro de 2018

Zumbi dos Palmares e a Consciência Negra


Francisco ZUMBI dos Palmares

Hoje, comemoramos o dia de Zumbi dos Palmares e o Dia da Consciência Negra.
A palavra Zumbi é de origem africana. Nós a encontramos em algumas línguas africanas como o Kimbundu e o Kikongo, faladas principalmente por povos de Angola e do Congo. Podemos associar a palavra “zumbi” a “Zambi”, ser supremo (Deus) ou à palavra “kazumbi” (fantasma, espírito).

Seguem abaixo alguns textos que tentam ilustrar a importância de Zumbi dos Palmares para as lutas de libertação do passado e para nosso re-existir hoje.
Zumbi vive!
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Zumbi ganhou respeito e admiração de seus compatriotas quilombolas devido suas habilidades como guerreiro, a qual lhe conferia coragem, liderança e conhecimentos de estratégia militar.
Lutou pela liberdade de culto e religião, bem como pelo fim da escravidão colonial no Brasil. Apesar disso, este líder também ficou conhecido pela severidade despótica com que conduzia Palmares, onde, inclusive, havia um tipo mais brando de escravidão.
De todas as maneiras, não admitia a dominação dos brancos sobre os negros e, portanto, tornou-se o maior símbolo pela liberdade dos negros da história brasileira.
A palavra “Zumbi” ou “Zambi”, nome adotado pelo herói, é de origem 'quimbunda', e faz alusão à seres espirituais, como fantasmas, espectros e duendes.

Biografia
Nascido aproximadamente em 1655, no Quilombo dos Palmares, Capitania de Pernambuco, região da serra da Barriga. Hoje, União dos Palmares, no estado brasileiro de Alagoas.
Zumbi foi aprisionado pela expedição de Brás da Rocha Cardoso e entregue aos cuidados do Padre Antônio Melo, em Porto Calvo, quando ainda tinha cerca de seis anos.
Foi então batizado com o nome “Francisco” e recebeu uma educação esmerada. Aprendeu português e latim, além do catecismo para ser batizado na fé católica.
Aos 10 anos de idade, já era fluente em português e latim. Aos 15, fugiu e voltou para o Quilombo de Palmares.
Alguns anos depois, em 1675, Zumbi ganha notoriedade ao defender o quilombo do ataque das tropas portuguesas. Nesta batalha sangrenta, demonstrou suas habilidades de guerreiro jaga.
Com 25 anos de idade, Zumbi desafia seu tio. Em 1680, assume o lugar de Ganga Zumbacomo líder de Palmares (segundo estudiosos, Ganga Zumba teria sido assassinado).
Sua postura diante do governo colonial é de desafio e enfrentamento. Assim, o governo colonial contratou os serviços dos bandeirantes Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo.
Em 1694, eles lideram o ataque que irá destruir a 'Cerca do Macaco', capital de Palmares. Destruíram-na completamente e ferem seu líder, Zumbi, o qual consegue fugir.

Morte

Em 1695, no dia 20 de Novembro, Zumbi é delatado por um de seus capitães, Antônio Soares, e morto pelo capitão Furtado de Mendonça. Tinha 40 anos de idade.
Sua cabeça foi cortada, salgada e levada com o pênis dentro da boca, ao governador Melo e Castro. Foi exposta em praça pública de modo a acabar com o mito da imortalidade de Zumbi dos Palmares.

Curiosidades

·         Após derrotar e matar Zumbi, o capitão Furtado de Mendonça foi premiado com cinquenta mil réis pelo monarca D. Pedro II de Portugal.
·         A data de sua morte, 20 de novembro, foi adotada como o 'Dia da Consciência Negra'.
·         O ano de 1673 é a data do primeiro registro histórico referente a Zumbi, onde ganha notoriedade por lutar contra os portugueses.
·         A importância de Zumbi dos Palmares é tão grande para o movimento negro que hoje seu nome batiza uma Faculdade e o Aeroporto Internacional de Maceió/AL.
·         Em 1988, a escola de samba carioca Vila Isabel, homenageou Zumbi dos Palmares com o enredo "Kizomba, festa da raça". A escola conquistou o seu primeiro título com o tema.
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https://www.todamateria.com.br/zumbi-dos-palmares/

Zumbi, também conhecido como Zumbi dos Palmares, foi uma importante figura guerreira na história brasileira, sendo reconhecido como um dos pioneiros na resistência contra a escravidão. Foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial.
Falecimento20 de novembro de 1695, Quilombo dos Palmares
Nome completoFrancisco Nzumbi
NacionalidadeBrasileiro

Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial.
Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares (Alagoas). Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver.
Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, voltou para viver no quilombo.
No ano de 1675, o quilombo é atacado por soldados portugueses. Zumbi ajuda na defesa e destaca-se como um grande guerreiro. Após um batalha sangrenta, os soldados portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. Três anos após, o governador da província de Pernambuco aproxima-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi coloca-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.
Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as topas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e conhecimentos militares.
O bandeirante Domingos Jorge Velho organiza, no ano de 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares. Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido, Zumbi consegue fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue as tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de 1695. 
Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.
https://www.sohistoria.com.br/ef2/culturaafro/

domingo, 18 de novembro de 2018

Estevão Silva: professor, pintor e desenhista


Estêvão Silva (1845-1891) - pintor, desenhista e professor

Nascido no Rio de Janeiro formou-se como pintor na Academia Imperial de Belas-Artes. A Academia recebia um grande número de negros e filhos de alforriados e Estêvão Silva é considerado o maior de todos eles.
Especializou-se na pintura de naturezas-mortas, e o crítico Gonzaga Duque observou que "ninguém era capaz de pintá-las tão bem quanto Estêvão Silva". Igualmente, retratou paisagens e figuras religiosas.
Apesar de esquecido pela historiografia brasileira, Estêvão Silva participou do Grupo Grimm, que renovou o paisagismo brasileiro no século XIX.
Na praia da Boa Viagem, em Niterói, os membros pintavam sob orientação do alemão Georg Grimm. Faziam parte artistas como Antônio Parreiras e França Júnior, entre outros.
O Museu Afro Brasil, em São Paulo, realizou uma exposição para resgatar a figura deste importante personagem.

https://www.todamateria.com.br/personalidades-negras-brasileiras/

Djamila Ribeiro: Filósofa e Escritora


Djamila Taís Ribeiro dos Santos é uma filósofa, feminista e acadêmica brasileira. É pesquisadora e mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo. Tornou-se conhecida no país por seu ativismo na internet.
Nascimento1 de agosto de 1980 (idade 38 anos), Santos, São Paulo
NacionalidadeBrasileiro

Obras:
O que é lugar de fala?
Quem tem medo do feminismo negro?

https://www.google.com.br/search?q=djamila+ribeiro&oq=djamil&aqs=chrome.0.0j69i59j69i57j0l3.2498j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8

Danny Glover: Ativista, diretor e ator de cinema


Seguem abaixo algumas informações sobre o diretor, ator e ativista antirracista, o norte americano Danny Glover.

Danny Lebern Glover é um ator, diretor de cinema e ativista norte-americano. É conhecido por suas atuações em filmes de ação tais como Predador 2 e a série Máquina Mortífera. Wikipédia

Nascimento: 22 de julho de 1946 (idade 72 anos), São Francisco, Califórnia, EUA
Altura1,92 m
CônjugeEliane Cavalleiro (desde 2009), Asake Bomani(de 1975 a 2000)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Danny_Glover

Ator e ativista americano Danny Glover, embaixador da ONU para os direitos humanos e assuntos raciais (...).
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ator-americano-danny-glover-pede-liberdade-de-lula-em-curitiba,70002332107

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Dandara: guerreira e princesa de Palmares

Dandara (Atriz: Zeze Motta, no filme Kilombo)
Eis abaixo, compilação sobre a lendária Dandara, a princesa gueirreira do Quilombo de Palmares.
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Você provavelmente sabe quem foi Zumbi dos Palmares, o que ele fez e qual o seu significado na nossa história e na luta negra, certo? E Dandara dos Palmares, você sabe quem foi?
Além de esposa de Zumbi e mãe de 3 filhos, ela lutou com armas pela libertação total das negras e negros no Brasil, liderava mulheres e homens, também tinha objetivos que iam às raízes do problema e, sobretudo, não se encaixava nos padrões de gênero que ainda hoje são impostos às mulheres. É exatamente por essa marca do machismo que Dandara não é reconhecida nem estudada. A maior parte da sua história é envolta em grande mistério.
Dandara suicidou-se (jogou-se de uma pedreira ao abismo) depois de presa, em 6 de fevereiro de 1694, para não retornar à condição de escrava. Ela ainda vive em todos que lutam por liberdade.

Durante os quase quatro séculos de escravidão negra no Brasil, a luta do povo negro e sua resistência sofreu tentativas sucessivas de serem apagadas das páginas da história oficial das elites. Renomados intelectuais como o Pernambucano Gilberto Freyre, em sua famosa obra "Casa Grande & Senzala" que ressalta a importância da miscigenação no Brasil, porém criou mitos como a "democracia racial", ou seja, a errônea ideia de que no Brasil não existe racismo, quando sabemos que o negro até hoje é vítima de preconceitos que permeiam diversos níveis e que não os fazem participar de forma justa da inclusão social. Observamos resistências até hoje de muitos brasileiros se identificarem como afros-descendentes, independentemente da cor da pele.
O negro, durante a diáspora que sofreu para diversos cantos do mundo para atender a sede de lucro dos proprietários, conservou seus traços identitários que permanecem até a atualidade e atravessaram os séculos, além de lutarem bravamente para saírem da condição de escravos.
A forma mais conhecida dessa resistência eram os quilombos que representavam a consolidação material da resistência dos negros à escravidão. Eram aldeias ou comunidades onde moravam muitos negros foragidos e serviam de reduto para receberem mais escravos que fugiam das fazendas a partir dos ataques que os quilombolas realizavam para libertar seus irmãos de cor.
No Brasil, existiram quilombos em todas as regiões. O mais conhecido foi Palmares que abrangeu parte de diversos estados do Nordeste, durou mais de 100 anos e teve mais de 20 mil habitantes, por isso não foi fácil vencê-lo, levando a elite escravocrata até a negociar com seus líderes, (o pacto de paz com Ganga-Zumba, rei de Palmares) o qual Zumbi seu líder Máximo foi contrário.
Todos nós, de alguma forma já ouvimos falar de Zumbi, embora sua memória por muito tempo esteve ocultada, mas, muitos personagens negros precisam ser lembrados como sua esposa guerreira Dandara.
Dandara, além de esposa de Zumbi dos Palmares, com quem teve três filhos, foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII. Não há registros do local do seu nascimento, tampouco da sua ascendência africana. Relatos nos levam a crer que nasceu no Brasil e estabeleceu-se no Quilombo dos Palmares ainda menina. Não era muito apta só aos serviços domésticos da comunidade, plantava como todos, trabalhava na produção da farinha de mandioca, aprendeu a caçar, mas, também aprendeu a lutar capoeira, empunhar armas e quando adulta liderar as falanges femininas do exército negro palmarino.
Dandara foi uma das provas reais da inverdade do conceito de que a mulher é um sexo frágil.
Quando os primeiros negros se rebelaram contra a escravidão no Brasil e formaram o Quilombo de Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, Dandara estava com Ganga-Zumba. Participou de todos os ataques e defesas da resistência palmarina. Na condição de líder, Dandara chegou a questionar os termos do tratado de paz assinado por Ganga-Zumba e pelo governo português. Posicionando-se contra o tratado, opôs-se a Ganga-Zumba, ao lado de Zumbi.
Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando estavam em jogo a segurança de Palmares e a eliminação do inimigo. Chegando perto da cidade do Recife, depois de vencer varias batalhas, Dandara pediu a Zumbi que tomasse a cidade, isso é uma prova da valentia e mesmo um certo radicalismo dessa mulher. Sua posição era compartilhada por outras lideranças palmarinas. Para Dandara, a Paz em troca de terras no Vale do Cacau que era a proposta do governo português, ela preferiu a guerra constante, pois via nesse acordo a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão. Dandara foi morta, com outros quilombolas, em 06 de fevereiro de 1694, após a destruição da Cerca Real dos Macacos, que fazia parte do Quilombo de Palmares.
Não sabemos como era seu rosto, nem como era exatamente, podemos compará-la a duas deusas do panteão africano, uma Obá ou Iansã, uma leoa defensora da liberdade.
Sua imagem vive e pode ser vista em cada pessoa que se identifica com suas origens, luta por liberdade, acredita em seus sonhos e "faz da insegurança sua força e do medo de morrer seu alimento, por isso me parece imagem justa para quem vive e canta no mal tempo"
Escrito por: Kleber Henrique
Professor de História.
Fonte: Jornal Ponta Livre

Dandara foi uma grande guerreira do Quilombo dos Palmares. Uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII e auxiliou Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa do Quilombo.
Embora não haja registros de seu local de nascimento os relatos levam a crer que nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos Palmares enquanto criança. Pertencia a nação Nagô- jejê, da Tribo de Mahi, religião muçulmana. Casou-se com  Zumbi e com ele, Dandara teve três filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton.
Dandara foi um exemplo de força dentro do quilombo. Ela plantava, trabalhava na produção da farinha de mandioca, cuidava das crianças e anciãos, caçava e lutava capoeira, além de empunhar armas e liderar as falanges femininas do exército negro palmarino.
Liderança reconhecida no Quilombo, defendia a posição contrária  ao Tratado de Paz assinado por Ganga-Zumba (tio de Zumbi) e pelo governo Português, que requeria a mudança dos habitantes de Palmares para as terras do Vale do Cacau. O Tratado também estabelecia que os negros livres ficassem livres e que os escravos voltassem a ser escravos. Dandara não concordava, pois defendia junto com Zumbi, que a liberdade deveria ser para todos, não importando se era negro livre, escravizado, mestiço ou índio.
Suicidou-se em 06 de fevereiro de 1694, ao ser capturada e levada como escrava após a destruição da Cerca dos Macacos, que fazia parte do Quilombo dos Palmares.
Sua história, assim como a de vários líderes negros, é pouco divulgada, apesar da escravização de negros no Brasil ter durado quase 400 anos. Ainda paira na nossa sociedade o conceito de que os negros foram escravizados sem resistência. Que somente os índios lutaram contra a escravização e por isso foram quase dizimados. A verdade é que quem decide a história contada em nossos livros didáticos optou em muitos momentos em omitir fatos e personagens que protagonizaram importantes movimentos de resistência ao regime escravista posto na época. Vende-se a imagem de fim da escravização de negros pela benevolência da princesa Isabel.
Quero aqui afirmar que minha Princesa não é a Isabel. Minha Princesa é Dandara
https://julianamittelbach.wordpress.com/mulheres-na-historia/dandara/

Carlos Marighela: ativista político e educador


Segue abaixo um pouco da vida e do ativismo de Carlos Marighela, seja na política, seja na educação popular.

Nascimento: 5 de dezembro de 1911, Salvador, Bahia morte: 4 de novembro de 1969, São Paulo, SP Carlos Marighella foi morto em emboscada preparada pelo DOPS de São Paulo. Carlos Marighella era filho de um imigrante italiano, o operário Augusto Marighella e Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos. Teve sete irmãos e irmãs.

Fez os estudos iniciais no Ginásio da Bahia, hoje Colégio Central. Contrariando as expectativas reservadas a famílias de poucas posses, em 1929, Carlos começou a cursar engenharia civil na Escola Politécnica da Bahia. Já nessa época, com 18 anos, Carlos despertou para as lutas sociais e entrou no Partido Comunista. Aos 21 anos, em 1932, foi preso pela primeira vez, por escrever e divulgar um poema com críticas ao interventor da Bahia, Juracy Magalhães.
Em 1936, abandonou o curso de engenharia e mudou-se para São Paulo, com a tarefa da direção partidária de reorganizar o Partido Comunista, que se encontrava esfacelado, após as lutas de 1935, na chamada Intentona Comunista. Foi novamente preso.
No ano de 1937 aconteceu a anistia, assinada pelo então ministro da Justiça, Macedo Soares e Marighella foi libertado, mas as perseguições não cessaram, pois nesse mesmo ano Getúlio Vargas deu o golpe instaurando o Estado Novo que colocou o Partido Comunista na clandestinidade. A militância de Carlos Marighella incomodava o governo e é novamente preso em 1939, e desta vez, confinado em Fernando de Noronha. Consta que neste presídio foi estabelecida, pelos próprios prisioneiros, uma divisão igualitária de tarefas, independente do peso político que o indivíduo tivesse fora da prisão. Criaram uma Universidade Popular e ensinavam uns aos outros filosofia, história, matemática. Marighella deu aulas de filosofia.
Após três anos em Fernando de Noronha, Carlos e os companheiros presos foram transferidos para o presídio da Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro. Fernando de Noronha, nessa época do conflito da Segunda Guerra Mundial, passou a ser base de apoio das operações militares dos aliados no Atlântico Sul.
O início das divergências
No ano de 1943 aconteceu o polêmico apoio do Partido Comunista ao governo ditatorial de Vargas, em razão da entrada do Brasil na guerra. Marighella discordava dessa posição, mas mesmo preso é eleito para o Comitê Central do partido.
Com a vitória dos aliados na luta contra o nazismo e o fascismo, no ano de 1945, aconteceu nova anistia no Brasil. O Partido Comunista voltou à legalidade e Marighella foi eleito deputado constituinte.
Com o fim do Estado Novo, venceu as eleições o general Eurico Gaspar Dutra, empossado em 31 de janeiro de 1946, que, aproximando-se dos setores conservadores, desencadeou ferrenha perseguição ao Partido Comunista, que foi posto novamente na ilegalidade, em 1947. Nessa época Marighella dirigia a revista teórica do partido chamada Problemas. No início de 1948 foram caçados os mandato dos parlamentares comunistas e Marighella voltou à clandestinidade. Ainda nesse ano nasceu o seu filho Carlos, fruto do relacionamento que teve com Elza Sento Sé. Conheceu Clara Charf, que será sua companheira até o fim da vida.
Na clandestinidade, de 1949 a 1954, em São Paulo, Marighella atuou na área sindical do partido, mas incomodava a direção partidária, pois era considerado excessivamente esquerdista. Sua atuação aproximou o partido da classe operária e juntos promoveram uma greve geral, conhecida como a “Greve dos Cem Mil”, em 1953. Também participou da campanha “O petróleo é nosso”. Ainda em 1953, foi à China e à União Soviética, retornando em 1954.
No ano de 1954, depois da morte de Getúlio Vargas e no início do governo de Juscelino Kubistchek, os comunistas, ainda na ilegalidade, começaram a atuar com mais visibilidade. Na política internacional fatos relevantes marcaram esse período: em 1956, o XX Congresso do PC da União Soviética denunciou os crimes de Stálin; em 1959, aconteceu a revolução cubana. Vivia-se o auge da chamada “guerra fria”, mas o Partido Comunista Brasileiro adotou a “coexistência pacífica” pregada pela União Soviética.
Com o fim do governo de Juscelino Kubistchek, Jânio Quadros assumiu a presidência, para renunciar sete meses depois. João Goulart, depois de uma crise política, tomou posse e o Partido Comunista voltou à legalidade aproximando-se do governo. Carlos Marighella passou a divergir da linha adotada pelo partido, divergências que em 1962, deram origem ao Partido Comunista do Brasil – PC do B.
Em 1964, o golpe de estado, que estabeleceu a ditadura militar, proporcionou uma nova perseguição aos comunistas. Marighella foi baleado e preso num cinema da Tijuca, no Rio de Janeiro. Conseguiu sobreviver e ficou encarcerado por 80 dias, e em seguida, foi solto pela atuação do advogado Sobral Pinto.
Publicou Por que resisti à prisão, em 1965 e em 1966, A Crise Brasileira onde discorreu sobre sua opção por organizar os trabalhadores brasileiros contra a ditadura e a luta pelo socialismo. Nesse livro pregava a luta armada, com base numa aliança entre operários e camponeses.
Carlos Marighella continuou divergindo da linha oficial adotada pelo PCB e, em 1967, suas posições saíram vitoriosas na Conferência Estadual de São Paulo, em confronto com Luiz Carlos Prestes. Nessa época, preparava-se o VI Congresso do partido e aconteceu uma intervenção da direção partidária nos diretórios dos estados, visando impedir o crescimento das idéias defendidas por Marighella, que, rompeu com o partido logo após uma viagem à Cuba, onde foi participar de uma reunião da Organização Latino-Americana de Solidariedade-OLAS. Sua participação foi desautorizada pela cúpula partidária. Retornando ao Brasil foi expulso do PCB e, em seguida, fundou a Ação Libertadora Nacional-ALN, que preconizava a luta armada.
1968 foi um ano de atos radicais da ALN. Marighella participou de diversas ações armadas visando adquirir fundos para a construção do partido, com diversos assaltos a bancos que foram reivindicados pela ALN. A organização também teve fortes influências no meio estudantil.
Nesse período a ditadura aumentou a repressão aos grupos de esquerda, entre eles, a Vanguarda Popular Revolucionária, comandada pelo capitão Carlos Lamarca, que desviou um carregamento de armas para a guerrilha que se instalava no Vale do Ribeira, em São Paulo. Em setembro desse ano, o embaixador norte-americano foi feito prisioneiro por integrantes da ALN e do MR-8, e foi trocado por quinze presos políticos.
Marighella era apontado como inimigo público número um. Cartazes de “Procurados” foram espalhados por todo o Brasil e a sua perseguição envolveu toda a estrutura da polícia política. Para orientar as ações da ALN, Marighella escreveu o Mini-manual do Guerrilheiro Urbano.
A Aliança Libertadora Nacional tinha aproximações com os frades dominicanos e alguns deles estavam presos. Montou-se uma emboscada, através do contato desses frades, que agendaram, sobre tortura, um encontro na alameda Casa Branca, em São Paulo. No dia 4 de novembro de 1969, às oito horas da noite, Carlos Marighella caiu na emboscada armada pelo extinto DOPS (Departamento de Ordem Pública e Social) de São Paulo. Cercado por 30 policiais, com o delegado Sérgio Paranhos Fleury, à frente, foi assassinado. A ALN existiu até 1974.
Sua situação de combatente contra a ditadura foi reconhecida pelo governo brasileiro, em 1996 e sua esposa Clara Charf passou a ser indenizada, a partir de 2008.
*Antônio do Amaral Rocha é jornalista, com estudos de pós-graduação em Literatura Brasileira e Cinema. Trabalha como editor, artista gráfico e resenhista, colaborador free-lance de diversas publicações em São Paulo matéria original.
https://www.geledes.org.br/carlos-marighella/