José
Benedito de Barros*
Nós, do Movimento Ginga e do Instituto
Educacional Ginga (IEG) de Limeira, estamos divulgando o primeiro texto na
língua kinjinga.
Outros nomes para esta língua: Njinga, Kindongo e Kimbundu.
Outros nomes para esta língua: Njinga, Kindongo e Kimbundu.
O kinjinga, literalmente, língua do Jinga
(nome de um povo de Angola), é uma língua que está sendo gestada pelo Movimento
Ginga de Limeira-SP.
Em Angola, há uma língua bantu com muitos dialetos, que era a língua oficial do antigo Reino (kifuxi) do Ndongo. Essa língua tem vários nomes, dependendo do grupo que a fala. Assim, ela é chamada de Kindongo (língua do Reino de Ndongo), de Kimbundu (língua do povo ambundu) e de njinga ou kinjinga (língua falada pelo povo njinga), além de outras denominações.
Tendo em vista o nome de nosso movimento (ginga), estamos optando pelo nome Kinjinga.
Em Angola, há uma língua bantu com muitos dialetos, que era a língua oficial do antigo Reino (kifuxi) do Ndongo. Essa língua tem vários nomes, dependendo do grupo que a fala. Assim, ela é chamada de Kindongo (língua do Reino de Ndongo), de Kimbundu (língua do povo ambundu) e de njinga ou kinjinga (língua falada pelo povo njinga), além de outras denominações.
Tendo em vista o nome de nosso movimento (ginga), estamos optando pelo nome Kinjinga.
O Kinjinga é uma língua que tem por
base o léxico (conjunto de palavras) da língua njinga ou quimbundo, falada principalmente
em Angola, continente africano. Estamos fazendo uso também do léxico de outros
idiomas africanos como o Kikongo, falado pelo povo Bakongo, e o umbundu, falado pelo povo Ovimbundu.
Os textos abaixo têm caráter
experimental e poderão ser revisados, ampliados ou suprimidos com o passar do
tempo, à medida que nossos estudos e necessidades forem indicando novos caminhos linguísticos.
Esperamos estar contribuindo para uma
(re) leitura da cultura africana e afro-brasileira.
Sugestões são bem vindas.
Algumas regras
de pronúncia.
1.
Regra
geral: a sílaba tônica é a penúltima. Exemplos: Akota, lê-se aKÓta; kabila,
lê-se: kaBÍla; kilombo, lê-se: “kiLOMbo.
2.
Palavras
com um “s”, lê-se como se fosse com dois “ss”. Exemplos: Kaisongo, lê-se: KaiSSONgo.
Musake, lê-se: muSSAke.
3.
“Ge”
e “gi”, lê-se: “guê” e “gui”. Exemplos: Mubange, lê-se “muBANgue”, sem a pronúncia da letra "u". Mulongi, lê-se: “muLONgui”, sem a pronúncia da letra "u", da mesma forma que se pronuncia a palavra "manguezal".
4.
O
“r”, lê-se como um "r” brando, como lemos em "barata" e "caroço". Exemplos: Kimbari, lê-se “kimBAri”. Mubangiri, lê-se “mubanGUIri”
5.
Palavras
com “M” e “N”, no início, indicam nasalação. O aportuguesamento das palavras
tem levado a duas formas distintas de pronúncia e de escrita: acrescenta-se
vogal antes de “M” ou “N” ou, simplesmente, eliminam-se tais consoantes.
Exemplos: Ngola (Angola); Ndongo (Dongo); Mbanda (banda).
6.
Palavras
com “h”, pronuncia-se aspirado. Exemplo: Muhehe, lê-se “MuRRErre
Jisabu – provérbios do Povo
ambundu e do povo njinga, de Angola)
1. Ki lunda o muxima, muzumbu
ka-ki-tagiê.
( O que guarda o coração, o lábio
não o conta)
Significado: é importante saber
manter segredo.
Tradução analítica.
Ki : Que, o que, aquele, aquela,
aquilo. Pronome relativo e demonstrativo.
Lunda: Guarda, do verbo Kulunda
= guardar.
O: O. Artigo definido.
Muxima: Coração.
Muzumbu: Lábio.
Ka-ki: Não.
Tagiê: Conta, coloca, situa,
põe. Orgiem provável: verbo Kuta: colocar, situar, por.
2. Uene ni muzumbu, kajinbirilê.
(Quem tem lábio, não se perde).
Significado: é importante
pesquisar e se informar.
Une: aquele que tem (está com);
quem.
Ni: com.
Muzumbu: lábio.
Kajinbirilê: Ka (não); Jinbirilê
= perde, desaparece. Origem: verbo kujimbirila: desaparecer.
3. Xixikinha uatumine nzamba.
(A formiga já mandou no elefante)
Significado: os mais fracos podem
vencer os mais fortes. Se o elefante morre, servirá de comida às formigas.
Xixikinha: formiga.
Uatamine: comandou, dominou.
Origem: verbo kutimina: comandar, governar, dominar.
Nzamba: elefante.
4. Hima katarê ku mukila uê.
( O macaco não olha o próprio
rabo)
Significado: muitas vezes nos
concentramos em reparar os defeitos dos outros e não vemos os nossos.
Hima: macaco.
Katarê ku: não olha (?)
Mukila: cauda, rabo.
Uê: seu. Pronome possessivo.
5. Ukembu ua petu, moxi isuta.
( Beleza de almofada, dentro
trapos).
Significado: as aparências
enganam.
Ukembu: beleza, enfeite,
embelezamento, artigo de luxo.
Ua: de.
Petu: almofada.
Moxi: dentro, mo meio de, na
parte interior.
Isuta: trapo, farrapo.
6. Bengu uarimukina um huina uê.
( O rato é esperto na sua toca)
Bengu: rato
Uarimukina: é esperto. Verbo
Kurimukina: ser astucioso, ser esperto.
Huina: toca:
Uê: seu. Pronome possessivo.
7. Sasa o ingo i-ku-tolole o
Xingu.
(Cria a onça para que ela lhe
parta o pescoço)
Significado: às vezes somos
traídos por aqueles a quem ajudamos.
Sasa: cria. Verbo Kusasa: criar,
educar, ensianr.
O: o.
Ingo: onça.
I-ku-tolole: para que parta.
Verbo kutolola: partir, quebrar
O: o.
Xingu: pescoço, colo.
8. Muzueri uonene kalungê.
( O grande falador não tem razão)
Significado: tem gente que fala
muito, mas pouco se aproveita do que diz.
Muzueri: falador
Uonene: grande
Kalungê: não tem razão. Ka: não;
Verbo kulunga: ter razão.
9. Tua-ri-jia jipolo,
tua-ri-jietu mixima.
( Nós nos conhecemos pelos caras,
não nos conhecemos pelos corações)
Significado: Nosso conhecimento
em relação às pessoas é superficial.
Tua-ri: seus, deles.
Jia: conhecemos. Verbo kuijia:
conhecer, saber.
Jipolo: caras, rostos,
semblantes.
Etu: nós.
Mixima: corações.
10. Imbua iboza ki ilumata.
(Cachorro que late não morde).
Significado: quem muito fala,
pouco faz.
Imbua: cachorro, cão.
Ki: não.
Iboza: ladra, late. Verbo:
kuboza: ladrar, latir.
Ilumata: morde. Verbo Kulumata:
morder.
Fonte: NASCIMENTO, J. Pereira de
(Coord.) Diccionario kimbundu-portuguez. Typographia da Missão, Huilla
(Angola), 1903.
*José Benedito de Barros, Mestre em Educação;
Especialista e Bacharel em Direito; Licenciado em Filosofia; Pós-graduando em
Linguística.
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