História
de Angola
Consulado
Geral de Angola em Los Angeles
O actual
território de Angola, que pesquisas recentes de investigadores franceses
comprovam ter sido habitado desde o Paleolítico Inferior, foi alvo ao longo da
sua história de muita movimentação populacional, com sucessivas levas de povos
bantos a empurrar para Sul os primitivos autóctones de origem não bantu, os
khoi-san, hoje reduzidos a uma população de menos de dez mil pessoas. Essas
migrações mantiveram-se mais ou menos regulares até pelo menos os fins do
século XIX.
A chegada
dos primeiros europeus data de fins do século XV, em 1482, quando o navegador
português Diogo Cão aportou a foz do rio Congo ou Zaire. O padrão que ergueu
então numa das suas margens em nome do rei D. João II atesta assim o primeiro
reconhecimento exterior do reino do Congo. Na sua capital, a ainda hoje
existente cidade de Mbanza Congo, no Norte de Angola, o rei recebeu os
estrangeiros como amigos e deixou-se converter ao cristianismo, tomando o nome
de Afonso I.
Em 1700,
segundo os cálculos do historiador Ravenstein, os portugueses dominavam em
Angola uma área de 65 mil quilómetros quadrados, a partir do litoral de Luanda
e Benguela até 200 quilómetros para o respectivo interior, praticamente com o
objectivo único de manter abertas as rotas dos escravos a partir do planalto.
Por essa altura, de facto, já os escravos negros eram a principal mercadoria a
dominar todo o comércio, sendo "exportados" para Portugal, Brasil,
Antilhas e América Central.
Durante
os séculos XVIII e XIX, a situação não se altera na essência de maneira significativa,
aumentando apenas a área de captura dos escravos, que se estende para o
planalto central, e o número dos que eram enviados para fora de Angola.
Em fins
do século XVIII, sob o impulso do Marquês de Pombal, o todo-poderoso ministro
do Rei de Portugal, uma tímida tentativa foi feita para a exploração de algumas
das riquezas do país. Essa tentativa fracassou por falta de apoio local e da
própria metrópole mais interessada no desenvolvimento do Brasil com base nos
escravos angolanos. Angola teve assim de continuar a manter o seu título de
"mina da escravaria" e o seu papel de fornecedora de escravos para as
plantações brasileiras.
Como está
amplamente demonstrado na correspondência da época entre o rei de Portugal e o
rei do Congo, esse primeiro contacto realizou-se entre soberanos iguais em
direitos, mostrando-se a sociedade congolesa aberta ao convívio com os
recém-chegados e ao funcionamento de uma verdadeira aliança entre Estados
organizados.
Só ao
longo do século XVI, e depois de contínuos e complicados jogos de sedução,
intrigas e traições, se começariam a acentuar os laços de dependência do reino
do Congo em relação a Coroa portuguesa.
Do reino
do Congo dependiam outros reinos menores mais a Sul, como o da Matamba e o do
Ndongo, de cujos soberanos, os Ngola, provirá mais tarde o nome de Angola. A
resistência desses três reinos a penetração colonial será praticamente esmagada
na segunda metade do século XVII, no curto espaço de 20 anos: Congo (1665),
Ndongo (1671) e Matamba (1681).
Contraditoriamente,
ao mesmo tempo em que se multiplicam as revoltas contra o comércio de escravos
por parte de alguns sobados independentes e dos estados africanos do planalto
(que só serão relativamente pacificados mais de um século depois), uma elite
económica de origem africana vai-se firmando com base nesse mesmo comércio.
O século
XIX foi o das grandes explorações do continente africano e da partilha
colonial. As explorações de Serpa Pinto, de Capelo e de Ivens permitiram
precisar a cartografia de Angola. A Conferência de Berlim, em 1885, estabeleceu
o direito público colonial e tratados entre Portugal, a França, o Estado Livre
do Congo (Belga), a Grã-Bretanha e a Alemanha definiram as fronteiras actuais
de Angola.
Para a
população angolana, a abolição do tráfico da escravatura em 1836 e o fim
oficial da condição de escravo em 1878 não alteraram o fundo da questão,
continuando a exploração das grandes massas trabalhadoras angolanas por parte
do poder colonial a ser feita sob a forma do chamado contrato. Essa situação
vai agravar-se com a política colonial do regime de Salazar a partir dos anos
30 do século XX.
Muitas
das grandes famílias africanas que se haviam constituído um século antes
começam então a perder progressivamente o seu relativo poderio económico, e é
significativo que alguns dos seus descendentes tenham sido dos primeiros a
envolver-se na fase moderna das lutas de libertação, a partir dos anos 60,
ocupando hoje lugares chave no sistema político e económico que se seguiu à
proclamação da Independência em 11 de Novembro de 1975.
A situação na actualidade
Angola
conseguiu até aqui o que parece ser essencial, ou seja, conseguiu preservar a
independência, manter a integridade territorial, lançar as bases de um Estado
Democrático de Direito e conquistar a paz, garantindo a unidade e a consciência
do seu povo em torno de um projecto nacional, apesar de todas as agressões e de
todas as acções de desestabilização que sofreu durante quase 30 anos de guerra.
Para tal
o país teve de resistir logo em 1975 a invasão simultânea de dois exércitos, o
zairense a Norte e o sul-africano a Sul, à ocupação de parte do seu território
pelo exército de Pretória no início dos anos 80 e a desestabilização de longa
duração conduzida por um partido armado, a UNITA de Jonas Savimbi, directamente
apoiado pelo regime racista da Africa do Sul e, até pelo menos o inicio dos
anos 90, por sucessivas administrações norte-americanas.
Enquanto
isso as autoridades angolanas foram prestando um apoio constante aos
combatentes da Namíbia que lutavam pela sua própria independência, conseguida
apenas em 1988, e aos militantes sul-africanos que combatiam o apartheid e
pugnavam pela integração racial e a democratização do regime.
Posteriormente
impediram, com a intervenção do seu exército, o colapso da República
Democrática do Congo, vítima de agressões armadas de dois países vizinhos, e
contiveram um maior alastramento do chamado Conflito dos Grandes Lagos,
continuando hoje a desempenhar um decisivo papel estabilizador em toda a região
central e austral de Africa.
Neste
momento, com o advento da paz, com a estabilidade e reconstrução nacional,
Angola entrou finalmente numa fase que o seu presidente já teve oportunidade de
caracterizar como a da "conquista da paz, consolidação da economia
nacional e devolução da dignidade e da esperança a todos os angolanos".
http://www.angolaconsulate-ca.org/v2/historia
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