Paulo Henrique Amorin é condenado por Racismo
(Por José Benedito de Barros)
A notícia
Paulo Henrique Amorim terá que se retratar por comentário racista
O jornalista Paulo Henrique Amorim, do “Domingo Espetacular” (Rede Record), vai pagar caro pela infeliz declaração que fez há dois anos, ao falar sobre o repórter Heraldo Pereira, da Rede Globo.
Em declaração ao seu blog, o “Conversa Fiada”, o jornalista da Record declarou que Heraldo é um “negro de alma branca”.
Além de desembolsar 30 mil reais (parcelado em seis vezes), Amorim terá que se retratar publicamente. Ele terá que escrever uma retração em vários jornais como a “Folha de São Paulo” e o “Correio Braziliense”.
De acordo com o site “Comunique-se”, a retratação deve acontecer dentro do prazo de 15 dias e Amorim deve tirar todo o material que mencionou sobre Heraldo. Xiii...
Meu comentário
A condenação imposta a Paulo Henrique Amorin é muito importante. Ela tem o mérito de mostrar que o uso de linguagem pejorativa para se falar de indivíduos e grupos sociais precisa ser coibido.
Nosso cotidiano está cheia de expressões populares que humilham em vez de edificar as pessoas. Expressões como “negro de alma branca” e “estão denegrindo a minha imagem” podem aparecer inofensivas, mas na verdade não são. Elas são reveladoras de preconceito construído e cultivado historicamente e, enquanto tal, precisam ser combatidas.
A expressão “negro de alma branca” traduz o seguinte pensamento: o que é branco é bom e o que é negro é ruim. Assim, se a pessoa é negra, é ruim. Mas ela pode se consolar, pois apesar de ruim por fora (por ter cor preta), ela pode ser boa por dentro, ou seja, ser “branca de alma”.
A expressão “denegrir” também é complicada. Ela está presente na literatura, na fala de professores e, para espanto geral, até na fala de militantes do movimento negro. Literalmente, denegrir significa “enegrecer”, tornar algo negro. Assim, ao dizer que “estão me denegrindo” ou “estão denegrindo a minha imagem”, o que quero realmente dizer? A resposta é conhecida. À palavra “denegrir” atribui-se o sentido de “sujo”, manchado, “maculado”. Aqui, novamente, temos a associação de negro com coisa ruim, ou seja, o que é negro é sujo, é feio; o que é branco é limpo, é bonito.
Então, se queremos combater o preconceito e o racismo, temos também que analisar e rever a linguagem que empregamos para nos referir às pessoas, grupos ou situações.
José Benedito de Barros
Conselheiro do Comicin - Conselho Municipal dos Interesses do Cidadão Negro de Limeira-SP
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