Por meio das reflexões de Ilse Scherer-Warren, um movimento social é "um grupo mais ou menos organizado, sob uma liderança determinada ou não; possuindo programa, objetivos ou plano comum; baseando-se numa mesma doutrina, princípios valorativos ou ideologia, visando um fim específico ou uma mudança social".
Assim, podemos inferir que o Movimento Negro é a luta dos afrodescendentes para resolver os problemas da sociedade em que vivem – já que estão envoltos por preconceitos e discriminações raciais que os marginalizam no meio social, no mercado de trabalho, no sistema educacional, e nos meios político e cultural.
As entidades eram de cunho assistencialista, recreativa e/ou cultural, e elas conseguiam agregar um número não desprezível de "homens de cor", como se falava na época. Alguns desses movimentos, conforme disse Henrique Cunha Júnior, tiveram como base de formação "determinadas classes de trabalhadores negros, tais como: portuários, ferroviários e ensacadores, constituindo uma espécie de entidade sindical".
O Movimento Negro do Brasil é dividido em três fases:
Segunda Fase (1945-1964)
Terceira Fase (1978-2000)
Na segunda fase, há um foco no teatro, na imprensa, nos eventos acadêmicos e nas ações que visam à sensibilidade da elite branca para os problemas enfrentados pelos negros no país. Já a terceira fase se apodera de manifestações públicas, imprensa, formação de comitês de base e movimentos nacionais.
O Movimentos Negro que teve maior expressividade foi a Frente Negra Brasileira (FNB) - fundada em 1931 por meio de uma forte organização centralizada e composta por 20 membros - além de milhares de associados e simpatizantes. A FNB, com grande representatividade política e social, passou a se constituir como um partido político. A nova fase durou pouco tempo, estendeu-se até 1937 devido à decretação do Estado Novo (Getúlio Vargas).
Nesta mesma época, todos os partidos políticos foram declarados ilegais e os movimentos sociais negros precisaram se voltar para outras formas de resistência; assim, o que sobrou foi a resistência cultural. Como exemplo dessa reivindicação abraçada à cultura, entra em cena o Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado por Abdias do Nascimento.
Alguns Movimentos Negros que fizeram história no Brasil: | |
Sociedade Progresso da Raça Africana | 1891 |
Clube 28 de Setembro | 1897 |
Clube 13 de Maio dos Homens Pretos | 1902 |
Centro Literário dos Homens de | 1903 |
Sociedade Propugnadora 13 de maio | 1906 |
Centro Cultural Henrique Dias | 1908 |
Socorros Mútuos Princesa do Sul | 1908 |
Grupo Dramático e Recreativo Kosmos | 1908 |
Sociedade União Cívica dos Homens de Cor | 1915 |
Associação Protetora dos Brasileiros Pretos | 1917 |
Centro da Federação dos Homens de Cor | 1917 |
Centro Cívico Cruz e Souza | 1918 |
Sociedade Brinco das Princesas | 1925 |
Centro Cívico Palmares | 1926 |
Frente Negra Brasileira (FNB) | 1931 |
Sociedade Flor do abacate | 1932 |
Legião Negra | 1932 |
Sociedade Henrique Dias | 1934 |
Legião Negra | 1934 |
Sociedade Henrique Dias | 1937 |
União dos Homens de Cor (UHC) | 1943 |
Grêmio Literário Cruz e Souza | 1943 |
Teatro Experimental do Negro (TEM) | 1944 |
Comitê Democrático Afro-Brasileiro | 1944 |
Associação do Negro Brasileiro | 1945 |
Conselho Nacional das Mulheres Negras | 1950 |
Associação José do Patrocínio | 1951 |
Frente Negra Trabalhista | 1954 |
Associação Cultural do Negro | 1954 |
União Cultural dos Homens de Cor (UCHC) | 1962 |
Fundação da União Catarinense dos Homens de Cor | 1962 |
Centro de Cultura e Arte Negra (CECAN) | 1972 |
Grupo Palmares | 1971 |
Movimento Negro Unificado | 1978 |
Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial | 1978 |
Contra o racismo
O maior desafio do Movimento Negro no Brasil é acabar com o preconceito racial. Essa luta não vem de hoje. O movimento começou a ganhar força na década de 1930, com a Frente Negra Brasileira. Em 1978, foi fundado o Movimento Negro Unificado, que deu origem a vários grupos de combate ao racismo, como associações de bairro, terreiros de candomblé, blocos carnavalescos, núcleos de pesquisas e várias organizações não governamentais. Conheça aqui algumas dessas principais entidades:
Fundação Cultural Palmares
Instituto da Mulher Negra Geledés
Instituto do Negro Padre Batista
Projeto Geração XXI
Casa das Áfricas
Núcleo de Consciência Negra
Lei contra o preconceito
A Lei Afonso Arinos (1951) considerava o preconceito racial uma contravenção e não um crime. Ou seja, ofender um negro não resultava em punição. Em 1989, a comunidade negra de São Paulo fez um enterro simbólico dessa lei e, no mesmo ano, foi aprovada a Lei Caó, que transformou o preconceito em crime.
Hoje o Congresso Nacional está estudando uma proposta de lei apresentada pelo Movimento pelas Reparações dos Afrodescendentes (MPR), que obriga o governo brasileiro a indenizar todos os 70 milhões de afrodescendentes no Brasil de hoje pelo crime cometido pela escravidão. Cada um receberia 102 mil reais (este é o valor estimado, pois ainda não foi estipulado).
Comissões de direitos humanos e ONGs avaliam formas de obrigar o governo a investir esse dinheiro nas chamadas ações afirmativas, como cotas para negros em universidades, no mercado de trabalho e nos meios de comunicação. Uma importante conquista dos afro-brasileiros foi a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, que entrou em vigor no dia 20 de outubro de 2010.
http://www.klickeducacao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-2086-18399-,00.html
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Email: gingalimeira@gmail.com
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