Dandara (Atriz: Zeze Motta, no filme Kilombo) |
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Você provavelmente sabe quem foi Zumbi dos Palmares, o
que ele fez e qual o seu significado na nossa história e na luta negra, certo?
E Dandara dos Palmares, você sabe quem foi?
Além de esposa de Zumbi e mãe de 3 filhos, ela lutou com
armas pela libertação total das negras e negros no Brasil, liderava mulheres e
homens, também tinha objetivos que iam às raízes do problema e, sobretudo, não
se encaixava nos padrões de gênero que ainda hoje são impostos às
mulheres. É exatamente por essa marca do machismo que Dandara não é
reconhecida nem estudada. A maior parte da sua história é envolta em grande
mistério.
Dandara suicidou-se
(jogou-se de uma pedreira ao abismo) depois de presa, em 6 de fevereiro de
1694, para não retornar à condição de escrava. Ela ainda vive em todos que
lutam por liberdade.
Durante os quase quatro séculos de escravidão
negra no Brasil, a luta do povo negro e sua resistência sofreu tentativas
sucessivas de serem apagadas das páginas da história oficial das elites.
Renomados intelectuais como o Pernambucano Gilberto Freyre, em sua famosa obra
"Casa Grande & Senzala" que ressalta a importância da
miscigenação no Brasil, porém criou mitos como a "democracia racial",
ou seja, a errônea ideia de que no Brasil não existe racismo, quando sabemos
que o negro até hoje é vítima de preconceitos que permeiam diversos níveis e
que não os fazem participar de forma justa da inclusão social. Observamos
resistências até hoje de muitos brasileiros se identificarem como
afros-descendentes, independentemente da cor da pele.
O negro, durante a diáspora que sofreu para diversos
cantos do mundo para atender a sede de lucro dos proprietários, conservou seus
traços identitários que permanecem até a atualidade e atravessaram os séculos,
além de lutarem bravamente para saírem da condição de escravos.
A forma mais conhecida dessa resistência eram os
quilombos que representavam a consolidação material da resistência dos negros à
escravidão. Eram aldeias ou comunidades onde moravam muitos negros foragidos e
serviam de reduto para receberem mais escravos que fugiam das fazendas a partir
dos ataques que os quilombolas realizavam para libertar seus irmãos de cor.
No Brasil, existiram quilombos em todas as regiões. O
mais conhecido foi Palmares que abrangeu parte de diversos estados do Nordeste,
durou mais de 100 anos e teve mais de 20 mil habitantes, por isso não foi fácil
vencê-lo, levando a elite escravocrata até a negociar com seus líderes, (o
pacto de paz com Ganga-Zumba, rei de Palmares) o qual Zumbi seu líder Máximo
foi contrário.
Todos nós, de alguma forma já ouvimos falar de Zumbi,
embora sua memória por muito tempo esteve ocultada, mas, muitos personagens
negros precisam ser lembrados como sua esposa guerreira Dandara.
Dandara, além de esposa de Zumbi dos Palmares, com quem
teve três filhos, foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o
sistema escravocrata do século XVII. Não há registros do local do seu
nascimento, tampouco da sua ascendência africana. Relatos nos levam a crer que
nasceu no Brasil e estabeleceu-se no Quilombo dos Palmares ainda menina. Não
era muito apta só aos serviços domésticos da comunidade, plantava como todos,
trabalhava na produção da farinha de mandioca, aprendeu a caçar, mas, também
aprendeu a lutar capoeira, empunhar armas e quando adulta liderar as falanges
femininas do exército negro palmarino.
Dandara foi uma das provas reais da inverdade do conceito
de que a mulher é um sexo frágil.
Quando os primeiros negros se rebelaram contra a
escravidão no Brasil e formaram o Quilombo de Palmares, na Serra da Barriga, em
Alagoas, Dandara estava com Ganga-Zumba. Participou de todos os ataques e
defesas da resistência palmarina. Na condição de líder, Dandara chegou a
questionar os termos do tratado de paz assinado por Ganga-Zumba e pelo governo
português. Posicionando-se contra o tratado, opôs-se a Ganga-Zumba, ao lado de
Zumbi.
Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não
tinha limites quando estavam em jogo a segurança de Palmares e a eliminação do
inimigo. Chegando perto da cidade do Recife, depois de vencer varias batalhas,
Dandara pediu a Zumbi que tomasse a cidade, isso é uma prova da valentia e
mesmo um certo radicalismo dessa mulher. Sua posição era compartilhada por
outras lideranças palmarinas. Para Dandara, a Paz em troca de terras no Vale do
Cacau que era a proposta do governo português, ela preferiu a guerra constante,
pois via nesse acordo a destruição da República de Palmares e a volta à
escravidão. Dandara foi morta, com outros quilombolas, em 06 de fevereiro de
1694, após a destruição da Cerca Real dos Macacos, que fazia parte do Quilombo
de Palmares.
Não sabemos como era seu rosto, nem como era exatamente,
podemos compará-la a duas deusas do panteão africano, uma Obá ou Iansã, uma
leoa defensora da liberdade.
Sua imagem vive e pode ser vista em cada pessoa que se
identifica com suas origens, luta por liberdade, acredita em seus sonhos e
"faz da insegurança sua força e do medo de morrer seu alimento, por isso
me parece imagem justa para quem vive e canta no mal tempo"
Escrito por: Kleber Henrique
Professor de História.
Fonte: Jornal Ponta Livre
Dandara foi
uma grande guerreira do Quilombo dos Palmares. Uma das lideranças femininas
negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII e auxiliou Zumbi
quanto às estratégias e planos de ataque e defesa do Quilombo.
Embora não haja registros de seu local de nascimento os
relatos levam a crer que nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos
Palmares enquanto criança. Pertencia a nação Nagô- jejê, da Tribo de Mahi,
religião muçulmana. Casou-se com Zumbi e com ele, Dandara teve três
filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton.
Dandara foi um exemplo de força dentro do quilombo. Ela
plantava, trabalhava na produção da farinha de mandioca, cuidava das crianças e
anciãos, caçava e lutava capoeira, além de empunhar armas e liderar as falanges
femininas do exército negro palmarino.
Liderança reconhecida no Quilombo, defendia a posição
contrária ao Tratado de Paz assinado por Ganga-Zumba (tio de Zumbi) e
pelo governo Português, que requeria a mudança dos habitantes de Palmares para
as terras do Vale do Cacau. O Tratado também estabelecia que os negros livres
ficassem livres e que os escravos voltassem a ser escravos. Dandara não
concordava, pois defendia junto com Zumbi, que a liberdade deveria ser para
todos, não importando se era negro livre, escravizado, mestiço ou índio.
Suicidou-se em 06 de fevereiro de 1694, ao ser capturada
e levada como escrava após a destruição da Cerca dos Macacos, que fazia parte
do Quilombo dos Palmares.
Sua história, assim como a de vários líderes negros, é
pouco divulgada, apesar da escravização de negros no Brasil ter durado quase
400 anos. Ainda paira na nossa sociedade o conceito de que os negros foram
escravizados sem resistência. Que somente os índios lutaram contra a
escravização e por isso foram quase dizimados. A verdade é que quem decide a
história contada em nossos livros didáticos optou em muitos momentos em omitir
fatos e personagens que protagonizaram importantes movimentos de resistência ao
regime escravista posto na época. Vende-se a imagem de fim da escravização de
negros pela benevolência da princesa Isabel.
Quero aqui afirmar que minha Princesa não é a Isabel.
Minha Princesa é Dandara
https://julianamittelbach.wordpress.com/mulheres-na-historia/dandara/
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